‘Foi tudo planejado por uma agência de publicidade’. Não há fato relevante nos dias de hoje que não venha acompanhado de uma teoria conspiratória. O mundo das redes sociais é propício para fomentá-las e há sempre uma história espetacular por trás de cada notícia ‘blockbuster’. Agora estamos diante da conspiração das bananas, um país feito de tolos macacos ludibriados pelas mentes obsessivas de marqueteiros desalmados. Neymar e Daniel Alves, grandes atores, capitanearam essa grande peça teatral e já podem ser indicados ao prêmio revelação do ano da revista Contigo. O Villareal emitiu uma nota banindo para sempre o torcedor atirador de bananas do seu estádio. Será que a agência também cooptou o time espanhol?
Pouco importa. O racismo existe e demonstrações desse vil sentimento humano surgem a todo momento pelos estádios mundo afora. Recentemente um jogador do Cruzeiro foi vítima de manifestação racista em uma partida da Libertadores da América. O incrível é que seus detratores latino-americanos são alvos costumazes de preconceitos vindos do hemisfério norte. Essa semana o dono de um time de basquete americano foi expulso para sempre da NBA por ter sido flagrado em manifestações de cunho racista. Nada mais justo. Tenho curiosidade em saber se alguma teoria da çonspiração foi construída ao redor da situação.
O fato é que canalhas de espíritos abrutalhados, selvagens travestidos de gente comum, andam entre nós e vez por outra dão mostras de sua inferioridade moral, deixando aflorar suas opiniões racistas. Aqueles que se mantém alheios a essa lamentável situação podem não nivelar-se à sua condição inferior, mas tampouco contribuem para um mundo melhor. O racismo já matou e escravizou centenas de milhões de pessoas ao longo da história. Filho do preconceito, é um sentimento repugnante e não deve ser contestado com silêncio.
Por isso, admitindo a hipótese quixotesca de um grande complô marqueteiro em torno do tema, foi uma grande ideia. Podemos questionar se não haveria um slogan melhor que ‘somos todos macacos’; seria uma campanha de gosto duvidoso, porém tremendamente efetiva. Forçou as pessoas a refletirem sobre o assunto e se indignarem com ele. E a indignação é o embrião de qualquer movimento de mudança. Um mundo livre de preconceitos seria definitivamente melhor do que temos hoje, e por isso o ‘viral da macacada’, além de inofensivo, contribui para no mínimo desejarmos relações sociais decentes.
Como derivada das ironias conspiratórias, tivemos as críticas àqueles que exploraram comercialmente o evento. Venda de camisetas, aparições públicas com bananas, dentre outros. E daí? Qual o problema? Compra quem quer. Deveríamos zelar pela defesa da livre expressão, da livre iniciativa. Ninguém está sendo prejudicado com isso, tampouco é obrigado a consumir o que não gosta.
No Brasil, temos o mau hábito de nos concentrarmos em temas periféricos à essência da discussão. Aqui, não importa o suposto marketing, ou o consumismo, mas sim o racismo, ainda presente nas relações humanas, inadmissível em um mundo que almeja o progresso moral. O racismo e os racistas são uma ‘merda’, e devem ser combatidos. E se for para se fazer de macaco, tragam então a bananada!
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Victor Loyola
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