O que virá depois do ‘carnazika’?

São dez milhões de brasileiros que esperam ansiosamente pela passagem do ‘carnazika’ para que enfim possam iniciar a busca ativa por um emprego, no país em que o ano só começa depois do carnaval. Por outro lado, atividade é o que não falta ao Brazika, apelido carinhoso do mosquito boa-praça Aedes, nosso companheiro de todos os verões. São milhões de corpos suados, com cerveja na mão e samba no pé, a mercê de uma picada. O Brazika sempre foi agraciado com banquetes memoráveis na terra que calorosamente o acolheu e o transformou em celebridade internacional.

Há fortes evidências que o Zika vírus está associado à incidência de microcefalia em recém-nascidos cujas mães tenham sido infectadas. Notícias de que casos da síndrome de Guillain-Barret aumentaram significativamente em alguns estados onde a incidência do Aedes é mais alta causam extrema preocupação às autoridades de saúde. Essa doença debilita os músculos, podendo paralisar pernas, braços e até os maxilares, atingindo inclusive o coração. A OMS já ligou o alerta máximo e algumas públicações começam a sugerir o cancelamento das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Considerando que o quadro pode se agravar até lá, não seria surpresa se tal movimento ganhasse força. É uma situação de calamidade pública.

Mas, e quando o ‘carnazika’ passar? Infelizmente, as notícias não são boas aos muitos milhões de brasileiros em busca de um trabalho. O desempenho econômico será ao menos tão ruim quanto em 2015, o que é desalentador. No biênio mais recessivo da história do Brasil, quase 10% de sua economia derreterá. Não existe possibilidade de que o governo consiga resolver a situação, uma vez que o próprio nos levou ao fundo do poço, e está ideologicamente desconfortável com as medidas amargas necessárias para a correção. Se você não acredita na solução de um problema,  como crer em sua capacidade de executá-la?

No espectro político, vivemos em tempos de ‘salve-se quem puder’. A operação Lavajato, última esperança de um país maltratado, avança impiedosamente sobre figurões da República, deixando-nos perplexos com a constatação de que a ‘boquinha’ é generalizada. Como essa gente roubou!! Cabe destacar que as dezenas de presos são todos gatunos desprovidos de um mandato. Políticos profissionais, fora da alçada do juiz Sergio Moro, estão soltos por aí, com exceção do senador petista Delcídio do Amaral, que praticamente se delatou. A velocidade da PGR e do STF para julgar os políticos, vergonhosamente protegidos por uma lei que os torna cidadãos incomuns, é equivalente ao de uma tartaruga nervosa.

Se não houver uma ruptura radical com essa realidade, seja através de um impeachment, renúncia, eleições gerais, ou qualquer saída que inspire uma grande faxina, caminharemos a passos trôpegos, na mesma toada, até 2018. A probabilidade de que essa mudança ocorra é baixa. O brasileiro é um povo conformado. Talvez se o ‘carnazika’ fosse proibido, haveria alguma comoção popular.

O pior de tudo é assistir às inserções do PT na televisão e ter que ouvir dessa turma que se apoderou do país há 13 anos de que ‘a verdade mais uma vez prevalecerá sobre a mentira’. A quem essa gente quer enganar? Quem ainda é tolo o suficiente para cair nessa conversa fiada?

No país do ‘carnazika’, não está fácil para ninguém. Tem até ex-santo com medo de ser preso. Só o Brazika se diverte, ‘sem medo de ser feliz’. Para ele, nunca esteve tão bom…

 

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