Na próxima quarta, dia 10/05, em Curitiba, um senhor já idoso, de nome Luis Ignácio, se despirá por uma ou duas horas da condição de salvador da pátria e se encontrará pela primeira vez com sua realidade de réu.
Ele, que bradou pelos quatro quantos do mundo que não via a hora de se encontrar com o juiz Moro, às vésperas do grande dia apequenou-se e pediu adiamento da conversa, sob alegação de que a defesa não teve tempo de se preparar por causa da extensão da peça acusatória. O pedido será negado.
O Grande Marechal dos desinformados desembarcará na República de Curitiba, aquela que abriga jovens procuradores brincalhões, e será recebido carinhosamente pela população local: inúmeros outdoors saudando a sua chegada estão espalhados pela cidade, desejando-lhe uma longa estada atrás das grades. As cores da bandeira brasileira ocupam janelas e varandas e fazem o contraponto ao tom vermelho desbotado da mortadela.
O senhor das bravatas jamais admitirá, mas sentirá o baque. Eles não estará chegando em um rincão do Nordeste, eternamente grato pelo bolsa família da década que passou, mas em uma cidade onde sua máquina militante jamais emplacou um prefeito. Nem em seus tempos de glória, ali seria terreno fértil às suas estripulias. Por mais que se anunciem caravanas de apoio ao grande líder, serão sempre ínfimas diante do grau de antipatia que o eleitorado local confere ao petismo.
O chefão foi derrotado em sua tentativa de criar um grande evento midiático sobre seu depoimento. Não haverá câmeras gravando o juiz, nem telões transmitindo ao vivo suas possíveis fanfarronices. Certamente, ele se dará conta, pelo grau de formalismo que a situação lhe apresentará, de que se trata de uma conversa entre um juiz e um réu, e não um embate político. Fato talvez inédito, sentirá o fardo sobre si.
Buscará a todo momento desestabilizar seu julgador, que já tem anos de janela entevistando acusados de corrupção e dificilmente cairá em suas armadilhas. É muito provável que à medida que o tempo passe e as perguntas, fáceis e difíceis, sejam expostas, o ex-cara se dê conta de que aquela é uma das raras situações em que ele não dará as cartas, nem poderá blefar.
O blefe ficará para depois, quando extravasará os momentos de tensão junto aos seus correligionários, seguidores fiéis que jamais o abandonarão, nem que 1000 Petrobrás sejam saqueadas. Tenhamos certeza de que a conversa fiada vespertina em Curitiba nos proporcionará as mesmas frases de efeito de sempre.
Porém, por mais que a grande mídia lhe reserve espaço desproporcional às suas infelizes declarações, a verdade é que a próxima quarta-feira marcará o início formal da derrocada do grande líder. O inverno de sua vida está chegando, e faz frio em Curitiba…
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Victor Loyola
Os textos refletem minha opinião pessoal sobre qualquer assunto, não há nenhum tipo de vinculo com corporações, grupos, ou comunidades. Comentários são extremamente bem-vindos. Me esforçarei ao máximo para fazê-lo um hobby permanente. No segundo tempo de minha vida, está definido que continuarei escrevendo. Se eu parar, de repente é por que eu surtei ou houve algum apagão de criatividade. Essa versão do blog está turbinada – é para ser mais agradável e acessível ao leitor. Há até um espaço para enquetes, uma maneira bem-humorada para encarar o mundo. Boa leitura!!!!!
1 comentário
nilza C. El yachar
10 de maio de 2017 em 13:29Otimo texto, è chegada a hora da derrocada, …. “mas jamais todos enganarão a todos durante todo tempo…”