FHC e Lula representam dois Brasis que se distanciaram muito nos últimos anos. Mesmo que o sujeito não goste de nenhum deles, acaba se identificando mais com um ou outro, dependendo dos seus princípios ideológicos. O discurso raso e populista do ‘nós x eles’ executado incansavelmente pelo penta-réu ampliou a distância entre os dois grupos e a blindagem virtual das redes socias fez prosperar os ‘haters’.
O abraço entre ambos, no momento em que FHC se solidarizava pelo falecimento de Dona Marisa, mais uma vez comprova que é nas tragédias pessoais que somos capazes de resgatar nossa humanidade. A mesma visita solidária havia sido feita por Lula a FHC por ocasião da passagem de Dona Ruth, há alguns anos.
Não tenho nenhum apreço pelo Jararaca, e um dos meus maiores desejos é vê-lo preso. Isso não significa que vibrarei com seu sofrimento pela perda de um ente querido, sentimento alardeado por alguns de seus desafetos. Não há sentido em deleitar-se com a desgraça alheia.
Não menos reprovável é a utilização política do acontecimento, como fazem inúmeros militontos. Gente que recebeu o presidente Michel Temer aos gritos de ‘assassino’ na porta do hospital Sirio-libanês. Tenho pena dessa turma, com a inteligência cognitiva de uma ostra e emocional de um pitbull.
Mas voltemos à imagem, que para mim foi a mais emblemática da semana. O que ela nos diz?
Quando expostos à perda de alguém próximo, nos damos conta de que o destino é imprevisível e incontrolável. A fragilidade da vida nos mostra quanto as preocupações mesquinhas são…irrelevantes. Nessa hora, é reconfortante receber empatia. Um abraço vale mais que mil palavras, mesmo que muitas delas tenham sido passadas e em forma de desaforos
O Jararaca não se tornará inocente de seus pecados por ter perdido a esposa de forma repentina, nem será merecedor de perdão por seus (ainda) supostos crimes. Respeitar sua dor e da família é uma reação civilizada.
O abraço entre os dois personagens rivais e mais importantes da história recente do Brasil demonstra que acima de todas as possíveis diferenças paira uma grande semelhança: nossa frágil humanidade, sujeita a revezes incontroláveis.
Que sirva de lição aos ‘haters’.
Ps* Espero a condenação do nosso Alibabá nesse semestre e sua prisão antes do final de 2018.
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Victor Loyola
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