Brasil: sal grosso resolve?

As tragédias de verão costumam sensibilizar o Brasil, apesar de normalmente trazerem consigo a marca da negligência.


Nos acostumarmos às enchentes implacáveis que levam em enxurradas o que estiver em seus caminhos.


Esse ano não foi diferente no Rio de Janeiro assolado por chuvas e vendaval. A natureza escolhe uma região e mostra sua força e quando o poder público é complacente, as consequências são mais traumáticas.


Brumadinho nos ofereceu a reincidência de uma barragem rompida e um devastador tsunami de lama, seguido por centenas de mortos e desaparecidos. Não se aprendeu com Mariana.


O incêndio no CT do Flamengo em alojamento ocupado por jovens atletas ceifou a vida de 10 meninos e levou consigo seus sonhos, nos remetendo à memória da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria/RS, onde mais de duas centenas de pessoas se foram. Não menos lamentável que o incêndio seguido de desabamento de um prédio no largo Paissandu, no centro de São Paulo, ano passado.


Insatisfeito com as perdas oriundas de todos esses eventos, que tiveram na negligência humana um elemento catalisador, o destino resolveu ser ainda mais rigoroso com esse pobre país tropical, levando na manhã de hoje um dos mais respeitados jornalistas do país, Ricardo Boechat, fatalmente acidentado em uma queda de helicóptero, que também teve seu piloto, Ronaldo Quatrinni, falecido.


De comoção em comoção, os brasileiros enchem um balde de lágrimas, e nos intervalos entre uma tragédia e outra podem admirar a qualidade de seus representantes no Senado, palco de baixarias sem precedentes por ocasião de sua última eleição. A sensação de desamparo é amplificada quando uma de suas principais vozes no combate aos desmandos nossos de cada dia, se cala por motivo banal. Uma falha mecânica, um acidente, e a vida se vai como um sopro.


O ano nem completou 40 dias e já tivemos todos esses incidentes para lamentar e ainda restam outros 320…como estamos em época de chuvas, bem que podia cair sal grosso do céu. Assim, quem sabe, nos protegemos para o que ainda está por vir…

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