A corda aperta o pescoço do governo federal. A meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões está seriamemte ameaçada, o TCU já alertou o Ministério do Planejamento que um cenário com rombo de R$ 161 bilhões se avizinha no horizonte. É consenso entre vários analistas que o governo caminha no fio da navalha: há riscos decorrentes de arrecadação menor por causa da previsão do PIB com viés de baixa, além da possível não materialização da receita de algumas concessões, vendas de ativos e Refis. Na outra ponta, a possibilidade das despesas não serem contidas na proporção desejada.
Em tempos recentes, a solução para o problema seria a contabilidade criativa, uma ação desonesta para mascarar os números e vender uma realidade inexistente, típico do padrão de qualidade petista. Como a equipe econômica atual vale-se do princípio da transparência, felizmente essa prática deixou de ser uma opção.
Essa semana, houve rumores de que a ala ‘política’ do governo pregava um relaxamento da meta. Em outras palavras, diante da dificuldade, muda-se o objetivo, ao invés de se adotar medidas que melhorem o desempenho. Uma ação dessa minaria tanto a credibilidade quanto a contabilidade criativa. Sem pestanejar, Henrique Meirelles avisou que não contassem com ele nessas circunstâncias.
A equipe econômica é o último ‘ativo’ que resta à pinguela em que se converteu a atual gestão, perdê-la seria a pá de cal na tortuosa era Temer, cujo governo na melhor das hipóteses terminará o mandato respirando por aparelhos. Tudo indica que a vontade do Ministro da Fazenda prevalecerá sobre quaisquer outros desejos proibidos dos políticos enrascados que compõem o executivo.
Como notícia ruim vem em lote, a meta do próximo ano, um déficit de R$ 129 bilhões, é considerada praticamente impossível de ser atingida. A reforma da previdência emagrecida e relegada ao segundo plano pela crise política, e a recuperação da economia em ritmo mais lento deixam poucas alternativas ao governo: ou corta na carne, ou aumenta impostos.
Infelizmente, é impossível separar a economia da política. O desempenho da última, abaixo do esperado, tem origem na esculhambação que se tornou o governo Temer, refém das próprias escolhas ruins e da inabilidade em livrar-se das crises em que mergulhou. Com o noticiário tomado pelos escândalos de corrupção, não há tempo bom à vista. Casada com o aumento de impostos como única bóia (duvidosa) de salvação, a equipe econômica fomentará ainda mais a impopularidade que emana do Palácio do Planalto.
A velocidade de recuperação da economia e o nível de aprovação do governo serão elementos relevantes durante a campanha eleitoral de 2018, sendo praticamente certo que esse ciclo se encerrará para o governo Temer (se não for interrompido), tal qual ocorreu com Sarney no final do mandato: um fardo para aliados, uma dádiva para oposicionistas.
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Victor Loyola
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