As minorias tradicionais estão bem representadas no mundo de hoje. Não falta defesa para a causa afro, LGBT, pessoas com deficiência. Nem menciono as mulheres, que são maioria. As empresas organizam grupos de trabalho que empunham a bandeira da igualdade de oportunidades, ONGs são bastante atuantes em diversos segmentos da sociedade. A discriminação, enfim, está sendo devidamente combatida. Será que não restou nenhum grupo indefeso?
Alguém para defender os feios ou super obesos?
Não me refiro à feiura polêmica, mas àquela que é unanimidade, uma espécie de conceito universal. E os muito obesos, não seriam também alvo de piadas e preconceito pelos corredores do mundo corporativo? Qual a chance de uma mulher muito feia ascender profissionalmente? E de um homem? Os exemplos que vieram à sua cabeça são exceções que comprovam a regra.
Será que esses personagens também não sofrem preconceito no dia a dia, em processos seletivos e movimentos de promoções internas? Com certeza, e ninguém fala sobre isso. Aliás, eis um grupo que nem se identifica. Não há alma que se orgulhe em liderar a causa dos feios, nenhum voluntário. Sua via crúcis ocorre em absoluto silêncio.
Vamos falar dos obesos?
Não me refiro aos gordinhos, mas aos que possuem a dita obesidade mórbida. Se não forem engraçados ou exóticos, também estarão no rol dos discriminados.
As pessoas não escolhem nascer feias ou com obesidade mórbida e padecem por uma situação completamente alheia ao seu controle. É possível que as dificuldades que lhes são impostas por sua condição sejam tão complexas quanto àquelas enfrentadas por representantes de outras minorias. A diferença, nesse caso, é que se trata de uma causa sem dono, nem advogado.
Dizem que o ser humano diferencia-se de outros animais pela razão. Pode ser. Mas também pelo preconceito. Como fazer para estar completamente imune a ele?
Difícil responder. Cotas? Não me parece plausível. ‘Bolsa’ cirurgia plástica? Inviável economicamente. Fugir do tema e fingir que não existe? Seria covarde. Esse texto pretende apenas ser provocador. Em um mundo onde as minorias tem voz, os feios e super obesos estão mudos. Já pensou nisso?
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Victor Loyola
Os textos refletem minha opinião pessoal sobre qualquer assunto, não há nenhum tipo de vinculo com corporações, grupos, ou comunidades. Comentários são extremamente bem-vindos. Me esforçarei ao máximo para fazê-lo um hobby permanente. No segundo tempo de minha vida, está definido que continuarei escrevendo. Se eu parar, de repente é por que eu surtei ou houve algum apagão de criatividade. Essa versão do blog está turbinada – é para ser mais agradável e acessível ao leitor. Há até um espaço para enquetes, uma maneira bem-humorada para encarar o mundo. Boa leitura!!!!!
3 Comentários
sonia pedrosa
17 de novembro de 2017 em 11:24é verdade, Victor! Ninguém levanta essa bandeira e, dificilmente, levantará.
ANDREA REGINA
18 de novembro de 2017 em 10:56Sim, eu, já pensei e já discuti estes temas. com alguns colegas de trabalho.. Existem alguns avanços. Hoje,, o relatório médico que pode ou não classificar uma pessoa com deficiência considera os casos em que a “beleza” é comprometida. Os queimados, as pessoas que tem lábios leporinos, por exemplo, podem ser consideradas pessoas com deficiência, incluídas, portanto, na cota. Este avanço é recente e depende da análise técnica do médico do trabalho, mas existe esta possibilidade. A obesidade mórbida é um outro caso….. uma doença….e existem estágios diferentes, em um estado mais avançado pessoas com esta doença vivem uma cama, sem nem mesmo conseguirem, de forma independente , realizar suas rotinas de higiene pessoal , portanto, pensar em produtividade nestes casos, é impossível… Mas concordo contigo – tenho certeza que as pessoas mais obesas, que não chegaram ao extremo da doença, são discriminadas, sim, porque a discriminação cresce com a gente – julgamos automaticamente (é fisiológico – já foi comprovado cientificamente) – a questão é: o que fazemos com este julgamento.? A resposta é que determinará se discriminamos ou não o outro por estar “fora” dos padrões que temos como referências positivas.
SIMONE BARBOSA
23 de abril de 2018 em 15:59Não ainda não tinha pensado. Falta incluir na relação das minorais os obesos e feios. Lembrei de uma atriz que faleceu recentemente e era muito feia. Ela sabia que era feia e tirou proveito dessa característica e trabalhou muitos anos na “Escolinha do Professor Raimundo”. Na minha opinião cada um tem a sua limitação, então cabe a cada um de nós nos superamos.