Sejamos pragmáticos, a discussão entre direita e esquerda é irrelevante para a maior parte da população brasileira, que tem em média 7 anos de estudo e conta com 30% de analfabetos funcionais. Se apenas 8% de seus adultos conseguem interpretar gráficos e textos simples, quantos seriam capazes de distinguir as diferenças entre os dois campos ideológicos?
A verdade é que essa distinção é importante para os que tem mais instrução ou são politizados, gente como você ou eu. Fora desse grupo minoritário, trata-se de um assunto absolutamente desinteressante. Isso não quer dizer que não seja importante, apenas que a lógica da decisão do eleitorado não segue os princípios que nós definimos como adequados.
Na mais recente pesquisa do Instituto Paraná, publicada na semana passada, foi feita a pergunta sobre a preferência ideológica do entrevistado, conforme ilustrado abaixo: 22% estão à direita, 14% à esquerda, 10% no Centro e 54% não estão nem aí ou não sabem opinar.
Se tomarnos como base as intenções de voto nos candidatos a presidente registradas pelo último Datafolha, teríamos hoje algo em torno de 45% para os que vão do centro à direita, contra 36% daqueles que partem do centro à esquerda. Essa definição binária muitas vezes é contrariada pelo eleitor, que migra de um espectro a outro sem consultar os especialistas.
Se o entendimento dessas definições fosse preciso, poderíamos decretar por antecipação a vitória de um candidato da direita, algo indefinido nesse momento. O líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, é superado por adversários da esquerda no segundo turno (Ciro e Marina, empatando com Haddad) e mesmo Geraldo Alckmin não conseguiria hoje derrotar Ciro Gomes. Obviamente que esses cenários são dinâmicos e vão se alterar até o dia da eleição, mas eles comprovam que a discussão atende somente a uns poucos gatos pingados.
Infelizmente, para ganhar os corações e mentes da maioria dos eleitores, valem a narrativa, frases de efeito e um marketing efetivo. Nada a ver com esquerda ou direita, pouco importância de conteúdo, quase nenhum compromisso com a verdade. Trata-se de um jogo. O pior é que o estrago pode ser grande…
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Victor Loyola
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