Inelegível

O fato de um país permitir o registro de uma candidatura de um presidiário condenado em segunda instância já é indicativo de que suas leis são no mínimo confusas e complacentes. Em um lugar sério, presidiário nem se atreveria a fazê-lo.

Mas na terra da insegurança jurídica, tudo é possível. A elasticidade da letra da lei permite as mais variadas interpretações e chicanas de todas sorte. Se Lula pode, Marcola e Fernandinho Beira-mar também, por que não? Bastaria que se filiassem a algum partido político. Pela quantidade de defensor de bandido que há por aqui não seria surpresa se houvesse fila na porta da cadeia para filiá-los.

Votos não lhes faltariam. Com um bom marqueteiro, uma vaguinha no Senado seria possível. Lembram do goleiro Bruno? Saiu da cadeia por decisão do excelentíssimo ministro Marco Aurélio, foi defender um time da segundona e tornou- se celebridade local, provedor de selfies aos fãs. O mentor do assassinato e esquartejamento da mãe de seu filho tornou-se uma celebridade tão logo foi solto.

Portanto, não é exatamente uma surpresa a popularidade de Lula. Os padrões éticos da sociedade brasileira deixam mesmo a desejar. Surpreendente mesmo foi o voto do Ministro Fachin, subserviente à opinião de dois alienígenas acobertados por uma comissão da ONU, que solicitava o direito do presidiário a se candidatar. Para tal, foi buscar referência na jurisprudência da Nova Zelândia de 1891. Voto vencido, restou-lhe a vergonha alheia de uma decisão patética. Foi quase acompanhado por Rosa Weber, a mesma que em breve deve proferir o voto de minerva para libertar o jararaca do cárcere. Apesar de considerá-lo inelegível, a ministra acha que um preso pode pedir votos na TV. Em vão.

Resta saber se o PT insistirá no teatro da vitimização do chefe, exercendo seu direito de recurso, mesmo que certamente derrotado. Nesse caso, sepultará as chances do poste da hora, Fernando Haddad, que perderia preciosas semanas de campanha. Fossem pragmáticos, anunciariam nova chapa imediatamente, mas isso seria uma afronta ao ego do criminoso-mor. Ele é quem manda na seita.

Fora de combate, restará ao grande chefe lutar pela liberdade. Sua próxima cartada será influenciar a pauta do STF, de modo que seu pupilo e ex-funcionário Dias Toffoli recoloque a prisão em sugunda instância em votação, quando um provável 6×5 proporcionará a soltura de diversos corruptos graúdos, sendo Lula o mais notório deles.

Condenado, preso, ficha suja, inelegível, o ‘molusco mais querido’ caminha rapidamente para seu ocaso enquanto político e figura influente. Como estamos no Brasil, é praticamente impossível que ele permaneça encarcerado por muito mais tempo, mas no momento em que retomar a liberdade, haverá uma ladeira diante de si e não lhe restará outra alternativa, senão descê-la…

2 Comments
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2 Comentários

  1. Jaime Enkim

    1 de setembro de 2018 em 12:10

    Victor… assino embaixo! Ainda tenho uma dúvida: o quanto o bandido conseguirá transferir de votos para o poste. Isso ainda pode complicar esta eleição!

    1. Victor

      1 de setembro de 2018 em 17:18

      Eis um ponto de interrogação, mas não passam pelo segundo turno

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